VIAGEM AO PERU, CHILE E ARGENTINA

O  objetivo: Conhecer Machu Picchu, no Peru, passar pelo Deserto do Atacama, no Chile, atravessar o Paso Jama e chegar na Argentina, entrando novamente no Brasil em Foz do Iguaçu.

Três motos, três amigos:
Wesley – Triumph Tiger 800XC (MCBDA);
Alex – BMW 1200GS ADV (MCBDA) e,
Júlio – BMW 800GS (OMC).

A proposta: Ir de Uberlândia, passando pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Rondônia e acre, atravessar a fronteira com o Peru em Assis Brasil, chegar a Cusco e ir de trem a Machu Picchu, retornar e voltar ao Brasil passando pelo Deserto do Atacama no Chile e atravessar para Argentina, no Paso Jama, num total de aproximadamente 15 dias.

Saída de Uberlândia dia 05 de junho de 2018.

Após o vídeo, disponibilizamos várias fotos com breves relatos sobre a viagem, distâncias percorridas e locais por onde passamos e paramos.

A viagem

Primeiro dia:
No primeiro dia, saímos de Uberlândia com o objetivo de chegar em Cuiabá MT, rodando um total de 1.036kms, cerca de 13h41min, sendo que pegamos as Br 452 / 364, passando por Rio verde, Jatai, Alto Araguaia, Rondonópolis e, finalmente, Cuiabá.Saímos de Uberlândia já com o tanque cheio, reabastecemos em Bom Jesus-GO, depois em Jataí, em Mineiros paramos para almoçar. Abastecemos novamente em Alto Garças-MT, depois em Rondonópolis, assim chegamos em Cuiabá já anoitecendo, mas foi uma viagem tranquila, mesmo com um pouco de neblina e friozinho na chegada a capital do MT.

Entre Rondonópolis e Cuiabá passamos por três pedágios, sendo o primeiro 2,50 e os outros dois a 2,00.
Antes de chegar a Cuiabá, pegamos uma garoa bastante fria, mais parecia uma chuvinha de tão intensa e úmida que estava, durou uns 40 minutos aproximadamente, além de nublado já estava escurecendo. Chegamos já a noite em Cuiabá, umas sete da noite, talvez umas sete e quinze. Voltamos a abastecer as motos em Cuiabá, esses abastecimentos ocorriam a cada 200kms aproximadamente.

Hospedamos no hotel Pantanal, na beira da rodovia, já na entrada da cidade. Quarto triplo a R$200,00, com direito a café da manhã e estacionamento. Para viajantes até que atende bem, o inconveniente era o barulho intenso de veículos na rodovia. Neste primeiro dia rodamos algo em torno de 1.050kms.

Segundo dia:
Pela manhã abastecemos e seguimos viagem. A ideia era rodar de Cuiabá até Pimenta Bueno-RO, um total de 940kms, 11h38min, pelas Br 174/ 364 (Caceres, Pontes e Lacerda, Conquista do Oeste, Comodoro, Vilhena, Pimenta B).
Reabastecemos em Cáceres, 230kms a frente de Cuiabá. Paramos para almoçar em Porto Esperidião e, logo depois, paramos novamente para abastecer, já na cidade de Pontes Lacerda, novamente após rodar uns 230kms.

200kms pra frente de Pontes Lacerda, na cidade de Comodoro, paramos para tomar um café e reabastecer as motos.A ideia era seguir até Pimenta Bueno mas, com o sol forte batendo em nosso rosto, optamos por parar em Vilhena-RO, 120kms depois de Comodoro, bem na divisa dos estados de Mato Grosso e Rondônia, e descansar.
Terceiro dia:
Após nos hospedarmos, no hotel Vizon, resolvemos já abastecer as motos para que no dia seguinte pudéssemos sair cedo rumo a Porto Velho.
Neste segundo dia rodamos 740kms.


Quarto dia:
Saímos as sete da manhã rumo a Porto Velho. Aproximadamente 521kms, sendo que gastamos algo como 7h52min, esse trajeto fizemos pela Br 364, (Caçoar, Ji Paraná, Ouro Preto do Oeste, Jaru, Ariquemes, Itapua do Oeste, Candeias do Jamari, Porto Velho).
Abastecimento em Pimenta Bueno, 180kms depois de Vilhena. Depois almoçamos e abastecemos em Jurui, 230kms depois de Pimenta Bueno e reabastecemos novamente a 260kms de Jurui, Galtando apenas 24kms para chegarmos em Porto Velho por volta das 16:15. Em Porto Velho, dormimos no Hotel Golden Plaza.

Quinto dia:
Na manhã do dia seguinte, a viseira do capacete de um dos integrantes havia quebrado e procuramos uma loja para comprar outro capacete ou mesmo tentar substituir a viseira danificada.
Saímos de Porto Velho e abastecemos em Jaci Paraná, para 100kms depois atravessarmos a balsa rumo ao Acre.
Na balsa acabamos conhecendo um grupo de bodes do asfalto que estavam indo de van a caminho de um evento em Rio Branco,foi uma festa! A turma era muito animada, comemos esfirras, quibes, tomamos café e conversamos bastante durante a travessia na balsa.

Seguimos nossa viagem e começamos a abastecer em postos à cada 100kms. Fizemos o trevo em Boca do Acre (cerca de 220kms de Assis Brasil) e seguimos rumo a fronteira com o Peru.
De Porto Velho a Assis Brasil, no Acre, foram mais 786kms, em umas 11h pelas Br 364 / 317 (Jaci Paraná, Jirau, Abuna, Vista Alegre do Abuna, Extrema, Capixaba, Porvir, Cobija, Assis Brasil).
Alguns kms depois de Boca do Acre tem a cidade de Brasileia, de Brasileia até Assis Brasil são mais ou menos 160kms, com asfalto muito ruim, se andar devagar é até tranquilo mas se correr é arriscado cair com a moto dentro dos buracos.

Faltando 160kms nós tornamos a abastecer para nos garantirmos.
Dormimos em um hotel em Assis Brasil, pensa em um hotel ruim , tinha uma pousada que parecia melhor mas a proprietária extremamente rude, optamos por ficar no hotel mesmo, bastante simples e sem chuveiro quente.
Sexto dia:
No dia seguinte fomos para a fronteira, onde demos saída na alfandega do Brasil e entrada na do Peru, ali já fica a cidade de Inapari onde abastecemos, aliás gasolina a R$3,40 enquanto no Brasil estava a R$5,00.
A ideia inicial seria ir de Assis Brasil a Cusco Peru, rodando uns 710kms em umas 12 horas de viagem pela rodovia Transcontinental, a 30C, passando pelos vilarejos de Ibéria, Shiringayoc, Mavila, Piedras, pela cidade de Puerto Maldonado e, mais vilarejos como Mazuko, Quince Mil, Manire, Marcapata, Mahuayani, Ocongate, Andahuaylillas, Oropessa, Cusco. Felizmente mudamos de ideia e acabamos dormindo em Puerto Maldonado, pois de Puerto Maldonado a Cusco foi uma verdadeira aventura, com paisagens belíssimas e momentos bastante tensos.
Assim, logo após sairmos da fronteira entre Brasil e Peru, seguimos viagem para Puerto Maldonado, onde passamos a noite no hotel Quincas. Quarto individual R$150,00 e triplo R$78,00 cada.


Fizemos o SOAT a 125 soles.
Ficamos um dia inteiro em Puerto e na manhã seguinte fomos para Cusco.
Sétimo dia:
A caminho de Cusco passamos por muitos vilarejos, como Mazuco, atravessamos a cordilheira e pegamos gelo, chuva, neve e muito frio. Muitas mas muitas curvas também. Viagem bastante tensa e cansativa. Embora a distância não fosse grande demoramos muito por conta das serras e curvas. Abastecemos as motos após rodarmos 160kms.

Qual foi nossa surpresa que ao atravessarmos a cordilheira nos deparamos com um frio intenso e aos poucos fomos confrontados com camadas de gelo e, antes que nos dessemos conta, a neve caiu e era gelo para todo lado, frio, neblina fortíssima e a neve caindo. Foi fantástico viver esse momento, para um mineirinho de Ituiutaba, que nunca tinha visto neve e nem sentido tanto frio, foi realmente inesquecível.
Em Cusco fomos direto ao hotel que nos indicaram no Cabanas, hotel Royal Inn. Hotel mediano com café da manhã muito fraco. Preço do quarto triplo foi razoável, uns 90 reais aproximadamente, por pessoa.
Oitavo dia:
Levantamos cedo e fomos até a Praça das Armas, deixamos as motos no hotel e fomos e voltamos a pé are a praça. Aproveitamos para ir conhecendo um pouquinho do centro histórico. A Praça é muito bonita e como era aniversário da cidade estava tendo uma grande festa, com desfile de escolas e danças típicas. Aproveitamos e compramos ingressos para o trem e Tb para entrar em Machu Picchu.

Nono dia:
No dia seguinte levantamos bem cedo e pegamos o trem as seis e quarenta da manhã rumo a Águas Calientes, cidade que fica na base da montanha de Machu Picchu.

A cidade de Águas Calientes é bem interessante, com vários bares, restaurantes e barracas com artesanato típico da região. Vale a pena conhecer e explorar os diversos becos que tem na cidadezinha.

Para ir de Águas Calientes a Machu Picchu tem duas opções, ou micro ônibus ou a pé, mas é uma subida íngreme e de ônibus são pelo menos meia hora, imagina a pé, lembrando que as ruínas da cidadela ficam no topo da montanha. Aliás subir e descer de ônibus também é uma aventura, pois os ônibus são muito rápidos e a estrada de terra é bastante estreita e sem guard rails, ou seja, ficamos literalmente a beira do precipício.

Depois de umas duas horas aproximadamente andando em Machu Picchu, descemos a montanha (outra aventura, pois o ônibus estava bastante rápido e a estrada era bastate estreita, foi muito louco). Ficamos umas três horas em Águas Calientes, pudemos andar e conhecer um pouco dessa simpática cidadezinha, pois o trem sairia as 18:40 e chegaríamos já de noite em Cusco.

Décimo dia:

No dia seguinte saímos de Cusco e seguimos rumo a Puño, a 480kms. a viagem que era para ser rápida e agradável se tornou bastante difícil.

Após rodarmos uns 300kms aproximadamente entrou um parafuso no pneu da Tiger. Conseguimos encontrar uma borracharia e substituímos a câmera, mas após rodarmos alguns quilômetros o pneu tornou a esvaziar, paramos em outra borracharia e verificamos que o pneu estava todo danificado por dentro. Deixamos a moto e fomos até a cidade de Juliaca, 60kms a frente, onde compramos um pneu Michelin esportivo mas que servia para substituir o que estava na moto.

A cidade de Juliaca possui um trânsito horrível e as pessoas não se dispõe a auxiliar nem mesmo com informações. Foi muito difícil mas acabamos encontrando um Michelin similar, embora esportivo, compramos, levamos de volta e montamos a roda na moto e seguimos viagem. Infelizmente a noite chegou e atravessamos Juliaca por volta das 18:00. Se o trânsito mais cedo estava ruim, agora estava péssimo, um verdadeiro caos. A rodovia na cidade estava em obras e tivemos que usar o desvio que nos jogou pelo centro da cidade. Foi difícil e estressante mas conseguimos.

Chegamos já bem de noite em Puno, cidade do famoso lago Titicaca (que em volume de água, é o maior lago da América do Sul), com trânsito pesado de veículos e ladeiras bastante íngremes e ruas estreitas, tivemos dificuldade para chegar ao hotel que queríamos e acabamos ficando no primeiro que encontramos. Já estávamos cansados, com fome e estressados. Alex e Júlio foram a um restaurante e eu mal consegui subir ao quarto do hotel e tomar um banho. Foi uma noite horrível, passei muito mal por conta da altitude. No dia seguinte soube que Alex também sentiu-se mal.

Décimo primeiro dia:

Logo após o café da manhã ainda nos sentíamos mal com a altitude e resolvemos seguir viagem, mesmo querendo ir conhecer o lago estávamos bastante desanimados por conta da noite mal dormida e também pelo mal estar que sentíamos, pois além da cabeça que girava o estômago também estava muito mal. O destino agora era a cidade de Arica, já no Chile.

A medida que nos distanciávamos de Puno e ia diminuindo a altitude nós íamos melhorando, infelizmente estávamos com sono pois a noite tinha sido péssima. Mesmo assim a viagem rendeu e fizemos a travessia da fronteira entre Peru e Chile. O cenário no Chile já estava bastante diferente do vivenciamos no Peru, o deserto estava presente o tempo todo, mesmo em torno de Arica, uma cidade mais moderna e com bastante iluminação e margeando o oceano.

A noite fomos dar uma volta na passarela e achamos uma cidade movimentada e bastante iluminada. Bastante diferente das cidades que vimos no Peru.

Décimo segundo dia:

Agora, para San Salvador de Jujuy a 576kms de onde estávamos, passando por San Pedro de Atacama, reserva dos flamencos, Susques, Purmamarca, Volcan, Yala, ate chegarmos a Jujuy. Esse foi um dia muito tenso e cheio de emoções.

Entramos em San Pedro de Atacama em busca de combustível, foi um pouco demorado encontrar o posto de abastecimento, pois fica escondido dentro da cidade e parece que há apenas dois. Mas foi bom pois pudemos dar uma volta rápida por lá e ver que na cidade há vários hotéis.

Enfrentamos gelo no asfalto, congestionamento enorme de caminhões, frio bastante intenso, medo das motos derrapar em, muitas curvas, deserto de terra e pedra, retas sem fim e um deserto de sal.

Na travessia da fronteira, já na Argentina pegamos um asfalto em péssimas condições, bastante buracos na pista. Foi tudo fantástico!

Jujuy foi uma grata surpresa, uma cidade bonita, bastante movimentada e organizada. As pessoas bastante simpáticas e solícitas, muita gente nas ruas fazendo compras para o dia dos pais.

Jantamos no próprio hotel, tomando um bom vinho. Também aproveitei e dei uma saída para comprar um chocolate, pedido da esposa, que dizem não encontrar facilmente no Brasil.

O clima estava agradável, embora frio, mas nem se comparava ao que passamos no Chile e Peru.

Décimo terceiro dia:

De Jujuy fomos para Corrientes, a 820 quilômetros. A paisagem agora era outra, muito verde, casas bonitas, vilarejos mais organizados, até o frio, que ainda era bastante forte , estava diferente. Já começava a me lembrar do Rio Grande do Sul.

Logo na entrada da cidade conhecemos dois casais que ficaram muito animados com nossas motos, um dos casais também era motociclista e pudemos conversar um pouco e trocar várias impressões sobre nossas viagens, chegando a nos convidar para irmos jantar em sua casa, mas como estávamos cansados agradecemos o convite mas seguimos para o hotel.

O hotel, além de muito bonito contava com um grande restaurante e ainda um casino. Mas o cansaço era muito e acabamos por jantar e ir dormir, no dia seguinte atravessaríamos a fronteira para o Brasil.

Décimo quarto dia:

Saímos de Corrientes logo pela manhã e seguimos para a divisa Argentina e Brasil.

Entramos no país em Foz do Iguaçu-PR, ali me separei de meus companheiros, que queriam ficar e descansar sendo que eu estava disposto a rodar mais um pouco e fui parar já em Maringá, onde passei a noite em um hotel na beira da rodovia. Rodar até Maringá, a noite, foi tenso, uma serra com bastante curvas e muitos veículos de passeio e caminhões.

Décimo quinto dia:

Logo cedinho segui viagem direto até Uberlândia. Viagem foi tranquila e sem pressa. Ainda na estrada já me sentia em casa.

Cheguei em casa por volta das 16 horas, cansado mas muito feliz e satisfeito com a viagem, todos os dias desses 15 últimos dias foram de aventuras e momentos completamente inesperados. Agradeço a companhia dos amigos que fizeram desses com que esses dias fossem muito divertidos e cheios de aventura, agradeço mais ainda a Deus por nos manter em segurança e não deixar que nada de mal nos acontecesse e, a minha família por me permitir vivenciar momentos tão especiais e que ficarão para sempre em minhas melhores lembranças.
Agora é dar um trato na Tiger e começar a preparar para a próxima!

Ah, aproveito para deixar aqui o agradecimento ao mano Bertone, do Moto Clube Bodes do Asfalto, que me enviou o relato de sua viagem com várias informações que me foram bastante úteis. Agradeço também ao pessoal do VMAS (Viagem de Moto América do Sul), grupo no facebook que também me forneceu diversas informações e dicas de roteiros. Valeu demais galera!!!
Wesley Marques